2.5.09

“Úrsula se perguntava se não era preferível se deitar logo de uma vez na sepultura e lhe jogarem a terra por cima, e perguntava a Deus, sem medo, se realmente acreditava que as pessoas eram feitas de ferro para suportar tantas penas e mortificações. E perguntando e perguntando ia atiçando sua própria perturbação e sentia desejos irreprimíveis de se soltar e não ter papas na língua como um forasteiro e de se permitir afinal um instante de rebeldia, o instante tantas vezes desejado e tantas vezes adiado, para cortar a resignação pela raiz e cagar de uma vez para tudo e tirar do coração os infinitos montes de palavrões que tivera que engolir durante um século inteiro de conformismo.

– Porra! – gritou.

Amaranta, que começava a colocar a roupa no baú, pensou que ela tinha sido picada por um escorpião.

– Onde está? – perguntou alarmada.

– O quê?

– O animal! – esclareceu Amaranta.

Úrsula pôs o dedo no coração.

– Aqui – disse.”
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Gabriel Garcia Marquez
in Cem anos de Solidão
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5 comentários:

Pequena Poetiza disse...

eu definitivamente preciso ler esse livro

beijos

Janaína S. disse...

ahhh, eu quero muito ler esse livro.
Gostei do seu blog!

Tudo Lindo, lindo..
Voltarei mais vezes!

A primeira estrela disse...

cem anos de solidão!Ah,o Macondo!=]

eva disse...

Boa dica de literatura e escrito.Tenho por eles grande admiraçao,Borges ,entao!!Gosto desse trechos apaixonates nas poesias de Silvia.A poesia,assim como a prosa,abre a mente,o coraçao,a alma.Os labirintos são imensos...

Késia Maximiano disse...

Aaaaahhh, me empresta o livro? ;)

rsrsr

Beeeijo