20.6.09

Desde criança ele fora prometido para lata
Mas era merecido de águas de pedras de árvores
de pássaros.
Por isso quase alcançou ser mago.
Nos apetrechos de Bernardo, que é o nome dele,
achei um canivete de papel.
Servia para não funcionar: na direção que um
canivete de papel não funciona.
Servia para não picar fumo.
Servia para não cortar unha.
Era bom para água mas obtuso para pedra.
Havia outro estrupício nos guardados de Bernardo.
Tratava-se de um Guindaste para Mosca.
Esse engenho, para bem funcionar, havia que estar
ligado por uma correia aos ventos da manhã.
Funcionava ao sabor dos ventos.
Imitava uma instalação.
Mas penso que seja um desobjeto artístico.

[Manoel de Barros]

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