Aquela gente antiga explorava a minha bobice.
Diziam assim, virando a cara como se eu estivesse distante:
"Senhora Jacinta tem quatro fulores mal falando.
Três acham logo casamento, uma, não sei não, moça feia num casa fácil."
Eu me abria em lágrimas. Choro manso e soluçado...
"Essa boba... Chorona... Ninguém nem falou o nome dela..."
Minha bisavó ralhava, me consolava com palavras de ilusão:
Sim, que eu casava. Que certo mesmo era menina feia, moça bonita.
E me dava a metade de uma bolacha.
Eu me consolava e me apegava à minha bisavó.
Cresci com os meus medos e com o chá de raiz de fedegoso,
prescrito pelo saber de minha bisavó.
Certo que perdi a aparência bisonha. Fiquei corada
e achei quem me quisesse.
Sim, que esse não estava contaminado dos princípios goianos,
de que moça que lia romance e declamava Almeida Garrett
não dava boa dona de casa.
[Cora Coralina]
25.7.09
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
Adorei Cris...
Quanta coisa boa por aqui....
Volto, viu ?
Beijo,
Solange
http://eucaliptosnajanela.blogspot.com
Postar um comentário