24.7.09

O livro sobre nada

*Com pedaços de mim eu monto um ser atônito.

*Tudo que não invento é falso.

*Há muitas maneiras sérias de não dizer nada, mas só a poesia é verdadeira.

*Não pode haver ausência de boca nas palavras: nenhuma fique desamparada do ser que a revelou.

*É mais fácil fazer da tolice um regalo do que da sensatez.

*Sempre que desejo contar alguma coisa, não faço nada; mas se não desejo contar nada, faço poesia.

*Melhor jeito que achei para me conhecer foi fazendo o contrário.

*A inércia é o meu ato principal.

*Há histórias tão verdadeiras que às vezes parece que são inventadas.

*O artista é um erro da natureza. Beethoven foi um erro perfeito.

*A terapia literária consiste em desarrumar a linguagem a ponto que ela expresse nossos mais fundos desejos.

*Quero a palavra que sirva na boca dos passarinhos.

*Por pudor sou impuro.

*Não preciso do fim para chegar.

*De tudo haveria de ficar para nós um sentimento longínquo de coisa esquecida na terra — Como um lápis numa península.

*Do lugar onde estou já fui embora.

[Manoel de Barros]

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