25.7.09

O rio cortava a tarde pelo meio.
De um lado passeavam cavalos,
De outro lado Passo-Triste, aves e borboletas.
Passo-Triste tinha um gosto entre beato e bêbado.
Uma espécie de ascese moscal o perseguia.
Andava favorável para coisas.
Pedra ser, inseto ser era seu galardão.
Sua casa era guardada por aves do que ferrolhos.
Não tinha dentes nem letras.
Dava aos andrajos grandeza.
Vivia desgualepado.
Certa vez pegou moléstia de cobra e se arrastava
de barriga nos lajedos.
Cachorros faziam poste nele.
Gostava de encantações do que de informações.
Passo-Triste é meu pastor.
Ele me guiará.

[Manoel de Barros]

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