'Vontade de passar o tempo costurando nuvens...com a linha do horizonte vermelho-poente para arrematar minha tarde.Atividade inútil.Romantismo de quem não sabe mais como esticar a alma...ah, não sou muito adepta de atividades físicas.E estou exausta...porque sempre dei tudo de mim.Ah, então não se queixe!Esse abismo é obra de tuas mãos! Ou será porque agora eu já não sei o que fazer com elas?!Costura! Reune os retalhos...parte por parte...deixa a linha da vida traçar o desenho...E, mais uma vez, eu sei, vou dar tudo de mim. Supura...que o tempo cura a ferida. Colágeno...costura. Criança que cai da bicicleta mas, não perde nunca a coragem e o desejo de pedal-ar....máquina de costura a pedal...vida que se vai tecendo, ao vestir sonhos e despir os medos.Ah, minha linha da vida vai dourar de estrelas... E esse pano de fundo negro...vai se tornar o tecido ideal: céu visto... em noite estrelada.'
[Cecília Braga]
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