10.2.11

Para comer depois

Na minha cidade, nos domingos de tarde,
as pessoas se põem na sombra com faca e laranjas.
Tomam a fresca e riem do rapaz de bicicleta,
a campainha desatada, o aro enfeitado de laranjas:
'Eh bobagem!'
Daqui a muito progresso tecno-ilógico,
quando for impossível detectar o domingo
pelo sumo das laranjas no ar e bicicletas,
em meu país de memória e sentimento,
basta fechar os olhos:
é domingo, é domingo, é domingo.



ADÉLIA PRADO in
Bagagem , 1976.


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2 comentários:

Poliana Fonteles disse...

adorei esse poema... tem cheiro e sabor de infência, de família, de lar...

lindo... seu blog é lindo!

Evelyn Nunes disse...

Cncantada com tudo aqui *-*