22.5.08

"A vontade de evasão de tudo quanto era grave e profundo certamente vinha dessa noite: os planos de fuga na primeira esquina, desvencilhar-se da coroa de falsos espinhos, da capa vermelha, fugir do morto tão divino, mas morto! A procissão seguia por ruas determinadas, era fácil se desviar dela, descobriu mais tarde. O que continuava difícil era fugir de si mesmo. No fundo secreto, fonte de ansiedade, era sempre noite - os espinhos verdadeiros lhe espetando a carne, ô! por que não amanhece? Quero amanhecer!"
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Lygia Fagundes Telles

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